sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Metamorfoseando...


Chegou ao limite. Sem forças e sem vontade de resistir. Aquela velha mania adquirida após um trauma sucumbia lentamente. Não lhe restava mais nada - ainda mais depois de ter chorado com aquele filme de romance. Onde foi parar sua frieza? Aquela agonia misturada a aflição que a dominava só de pensar em amor, amour, love, liebe. Sua alma, em estado de calamidade, só lhe implorava que parasse com essa luta interior; aquilo já não lhe fazia bem.
Contou até dez, respirou, andou pela casa, imaginou sua vida, de uma maneira que não imaginava há muito tempo. O que acontecia era uma metamorfose. Já estava sentindo derreter gradativamente seu coração. Não foi um responsável, talvez nem tivesse sido uma pessoa mas sim fatores em conjunto. O que importava era que já não era mais a mesma pessoa. "Não retroceder", era só o que lhe vinha a mente quando tentava impedir o derretimento da calota cujo nome real era coração.
Se distraiu por um instante, quase que o suficiente para não voltar ao desespero, no entanto, concentrou-se novamente em sua transformação. Um monstro verde saía-lhe, ele mesmo gritava: já não aguento mais!! Nem seu monstro quis permanecer no estado em que se encontrara dias antes. A vontade de olhar o céu azul, mais azul que o normal ia tomando-lhe conta; sentir borboletas no estômago, que sensação juvenil - "nunca mais sentirei isso", enganava a si mesma.
Pensou mais e, para não perder o costume, colocou a razão na mesa, juntamente com a emoção. Observou a vida, de modo geral. Viu quão superficial pode ser essa bendita/maldita. Viu quão utópica poderia ser também. A agonia foi cessando... os sintomas da transformação foram sumindo e ela já não se retorcia interiormente. Estava estagnada, estática àquela situação - como sempre ficava quando seus pensamentos a dominavam. No que era preciso/correto acreditar?
Tantas perguntas cercavam-lha a mente. Parecia que quanto mais em silencio permanecia, mais alto gritava (na mente). E quando parou para perceber, nada daquilo fazia mais sentido - ou talvez sim. Vomitou palavras, porque era disso que ela mais gostava. Palavras. Vomitou dezenas de palavras e a calma foi retornando pouco a pouco.
Agora, menos inquieta, só queria desfrutar do que passou. Admirava cada sentimento metamorfósico que lhe ocorria. Admirava, obviamente, por ser a própria metamorfose, em pessoa, em carne, em osso.



Obrigada e Have Fun!