sábado, 20 de fevereiro de 2016

"Ai, não sei"


"Ai, não sei."

Queria escrever algo porque, por dentro, a inspiração gritava. No entanto, estava enclausurada. Como se as palavras não fizessem sentido para o que ela queria dizer. Como se... não houvessem palavras.

Então, lhe cabia observar.
No fundo, ela sabia que, quanto mais palavras se acumulassem dentro de si, mais se aproximaria da morte por sufocamento por emoções.

"Vai, fala qualquer coisa."
"Depois que vomita passa."

Ela sabia bem.

Mas...

Não conseguia. Já surgia um incomodo considerável.
"Logo você sem saber o que dizer/escrever?"
Que decepção.

"Às vezes é bom..."
Tentava se convencer sobre o silêncio hospedado em seu âmago.

"Ai, não sei."
Ela sentia tudo.
Hmm, na verdade, deixara de sentir algumas coisas.

Ela sabia mesmo é de que tudo estava lá. No seu universo.

"Ai, não sei."
Era uma frase perfeita para o silêncio perfeito diante de tantas perguntas... (im)perfeitas?



Obrigada e Have Fun!

sábado, 9 de janeiro de 2016

Por que nós temos medo da "outra espécie de humano"?


Quando nos deparamos com uma pessoa moradora das ruas nossa primeira reação é dobrar a atenção e o cuidado, quando não atravessar para o outro lado da rua o mais rápido possível. Mas, por que?

Zigmund Baumann (sim, eu adoro o que ele escreve) faz uma análise sobre os refugiados que me remete aos moradores de rua. Os refugiados, segundo Baumann, são impedidos de entrarem nos países e são vítimas de xenofobismo porque eles ameaçam o conforto e a estabilidade/segurança das famílias. Como? Eles são toda a vulnerabilidade existente de um povo: não tem casa, não tem renda, não tem bens, não tem segurança e, óbvio, não "tem" país.

Fazendo uma alusão ao que Baumann diz sobre os refugiados, eu me pergunto, porque os moradores de rua nos incomodam tanto?

O morador de rua ilustra a nossa vulnerabilidade, uma vez que é o exemplo de uma pessoa que não tem casa, não tem bens, não tem segurança, muitas vezes não tem família, não tem nenhum bem estar. E, por vezes, o morador de rua foi criado em um ambiente longe das asas do estado, da educação, da moral e dos bons costumes e, quando ele chega sujo, mal cheiroso, com as roupas rasgadas, falando alto e te pedindo coisas, você só consegue pensar em "como deixam uma espécie dessas fora da gaiola?"

Essas pessoas fogem do nosso padrão de sociedade. Elas são criadas à margem e até parecem "outra espécie de ser humano", mas na verdade, elas são seres humanos como eu e você.

O erro começa quando esse estado, sujo e capitalista, cria barreiras sociais. Lembra do caso dos usuários de crack que foram "remanejados" de lugar porque estavam deixando a cidade feia? É isso. É pegar o "lixo social" e varrer pra debaixo do tapete, e o tapete é em formato de: abrigos, degase, penitenciárias, favelas... etc.

São todos vítimas! Vítimas do estado que fecha os olhos para suas condições. Do estado que gera violência através de um treinamento/manipulação de uma polícia que, ao invés de proteger, oprime e mata. E a polícia (produto do estado sujo, corrompido e capitalista) chega com violência pra acabar com a violência (bandidagem), o que gera mais violência, (fruto do medo, do ódio: é a defensiva).

Então, por que nós temos medo da "outra espécie de humano"? Porque nós estamos condicionados a viver uma rotina onde, por mais "insegura" que seja, é confortavelmente mais segura e a "outra espécie" nos mostra como todos estamos vulneráveis.

Somos iguais.


Obrigada e  Have Fun!

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

2015 coisa linda


Eu não podia deixar de fazer a última postagem do ano, especialmente se tratando de 2015 que, para mim, diferente do que muita gente disse/diz, foi um ano maravilhoso e, por isso, quero dividi-lo com vocês:

Iniciei esse ano em uma das cidades que eu mais gostei de conhecer: Brasília! Eu fui na posse da Dilma (não me importo em ser criticada, já me acostumei... inclusive, 2015 que me ensinou a me acostumar com isso), vi a presidenta bem de pertinho, fiz amigxs novos (ainda em Brasília) e quando voltei para o Rio de Janeiro: me apaixonei.

Me apaixonei, namorei, terminei, sofri. Doeu. Doeu muito, mas, superei. E isso é tudo o que eu tenho para dizer (já pula uma boa parte de 2015). Enfim, enquanto eu me apaixonava por um homem, me apaixonava, também, pelo nordeste do Brasil! Ainda em janeiro, conheci a linda João Pessoa - PB!

Em João Pessoa - PB, conheci mais pessoas lindas e maravilhosas. Conheci a ENEFi (Executiva Nacional de Estudantes de Fisioterapia) e entrei pra gestão da mesma. Fui passear no recesso, no ENAFISIO (Encontro Nacional de Acadêmicos de Fisioterapia) e voltei engajada no Movimento Estudantil.

Entrei para a militância. Conheci o Coletivo Articulação Popular, gostei deles, me aproximei, participei e encontrei pessoas queridas. Me apaixonei pela militância, em especial pelo movimento estudantil.

Reecontrei amigos, fiz novos, me identifiquei com eles - mesmo com tantas diferenças. Aprendi mais sobre o amor e seus milagres. Me vi acompanhada e estou feliz.

Encontrei uma igreja que me fez ficar, Vineyard Central. Lá, encontrei uma família. Me batizei. Me senti "parte".

Conheci Santa Maria - RS! Morri de frio, no entanto, foram os momentos gelados mais quentinhos e aconchegantes que poderiam existir. Encontrei mais pessoas lindas!

Perdi o medo de falar em público pra bastante gente, conheci movimentos, pessoas, participei de fóruns, de oficinas, não somente como ouvinte mas como dirigente! Conheci o Brasil todo dentro de um Hotel em São Paulo! (Mais pessoas lindas!)

Me encontrei!

Consegui, junto com os melhores, fazer um evento nacional na minha faculdade! Foi lindo, formador, construtivo e cheio de gente e coisas lindas! Junto com isso, aprendi que nem tudo o que parece ser, realmente é.

Me vi sem várias amarras.

Em algum desses momentos, me vi feminista. Me vi em mais uma luta e estou feliz!

Percebi que eu gosto mesmo é de acumular funções e responsabilidades! E, embora eu tente me controlar, eu sempre acabo dizendo "sim". Fazer o que..?! Hehe

Recebi notícias ruins, fiquei triste, brava... contudo, percebi que não estou sozinha (o Senhor nunca me deixa sozinha, né?)

Me mudei pra Tijuca! Comi pizza na ceia de Natal e não sei bem como vai ser o ano novo, só que isso não me incomoda... Esse ano foi louco!

Foi loucamente necessário! Ao mesmo tempo que durou 10 anos, passou voando! Foi um dos melhores anos da minha vida. Se 2016 vai ser melhor? Quem sabe... Sei mesmo é que o saldo de 2015 foi bem positivo e, apesar dos pesares, meu coração está feliz! Tenho quem e o que preciso por perto - e isso é o que realmente me importa.

Eu fui uma apaixonada esse ano, por muito, e me sinto um tanto bem maior.

Obrigada à todxs que fizeram meu ano.

Que a sua passagem de ano seja maravilhosa e que 2016 seja mais um ano de crescimento!
Muito amor pra todxs!



Obrigada e Have Fun!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Gostosa? Não, obrigada!


Quando foi que eu me tornei "gostosa"? Aliás, quando foi que nasceu essa mania de classificar as mulheres? Eu, curiosa, fui procurar o significado de "gostosa" e o que achei? "Mulher com um corpo delicioso". Oi?

"Chocolate é gostoso, torta de limão é gostosa...", uma brisa fresca no verão é gostosa... Muitas coisas se encaixam nessa classificação, em geral, coisas, isso: COISAS. Pessoas, não. Mulheres, NÃO.

Receber o título de "gostosa" traz certo orgulho, não é mesmo? Afinal, essa é uma 'categoria meta' pré-estabelecida pela nossa sociedade machista e capitalista, que "coisifica" tudo, em especial, nós: mulheres.

"Vem, verão...", e vem a mulher, "gostosa", servir os homens. Pois eu digo: Vai, verão! Vai mostrar pra esses caras que nenhuma mulher é passível de ser classificada, vendida, exibida, ou vítima de qualquer outro tipo de opressão.

Você, flor, pode não saber, mas o cara que te chama de gostosa é o cara que espera que você - e todas as mulheres - não o decepcionem, não fujam do que ele - e os outros homens - pré-estabeleceram. "Não estrague o script".

Minha grande amiga e militante, Ju Pinto, diz: "Objetificar uma mulher é desconsiderar toda sua história, sua trajetória de vida, ancestralidade, capacidade intelectual, autonomia, etc. Pensar numa mulher como algo feito para o consumo masculino, permite existirem classificações como 'gostosa, boa, ruim, feia, baleia e tantas outras'.

O machismo nasce com os homens, contudo, ele é como um vírus que se espalha até mesmo por mulheres. Mulheres, não sejamos machistas. O machismo acredita piamente que a mulher nada mais é do que um 'step'. Nós não precisamos que nos digam o que fazer, como fazer e porque fazer.

Nós não precisamos que nos classifiquem. Classificações não são elogios.

#NãoMeChameDeGostosa

Obrigada e Have Fun!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

"O mundo nos faz distantes, nos resta, portanto, aproximarmo-nos..."

Experimento de Conexão Humana Entre Olhares - Cinelândia - Rio de Janeiro/RJ - Brasil


E de repente o mundo se tornou estranho, um lugar não confiável, cheio de máquinas - humanas e não humanas.

Eu acredito que minha maior dificuldade seja encarar as situações de 'indiferença' da vida. Há anos eu escrevo e falo sobre isso, Talvez eu seja sensível? Empática? Frágil emocionalmente? Sei lá, não me importa.

Atualmente, eu, na reta final da faculdade (quem diria que iria passar tão rápido!), estou fazendo estágio em um Hospital aqui do Rio de Janeiro. Eu sou uma "bunda mole" dentro daquele hospital, qualquer cena de um paciente mais grave, eu sendo impotente ou não, já é capaz de me desestabilizar. Parece que levei milhares de socos no estômago e a minha vontade é sair correndo! Contudo, eu não vou e nem posso fazer isso. Eu sei que faz parte da profissão que eu escolhi e entendo que é uma fase de crescimento tanto profissional como pessoal, são ciclos da vida... O problema é quando eu vejo as pessoas perderem a sensibilidade, quase a ponto de não parecerem seres humanos diante de outros seres humanos. Dizem que o ambiente te deixa mais resistente, que você acaba se acostumando com a rotina da rápida relação vida/morte da alta complexidade. É, talvez... Talvez essas pessoas não tenham perdido seu senso de humanidade, apenas se tornaram mais frias por terem sido tão humanas... Enfim, são especulações.

Porém, não tem sido o hospital que faz algo gritar em mim, é o mundo. É possível viver em um mundo aonde as pessoas sequer conseguem ser gentis, simplesmente por ser, umas com as outras? Zigmund Bauman diz em 'Tempos Líquidos' que a sociedade não é mais uma estrutura, é uma rede, na qual as pessoas se conectam afim de satisfazerem seus próprios desejos e se desligam com extrema facilidade umas das outras. O que nos tornou tão separatistas?

Nós brigamos por esquerda e direita, por religião, por homem e mulher, por homossexualidade e heterossexualidade, por burger king e mc donald's... Ou seja, nós vivemos em zona de guerra. Nós nos agredimos o tempo todo por qualquer besteira, a onda do momento é ser oito ou oitenta, escolha um lado, erga uma bandeira e seja passional, vamos lá! De onde saiu tudo isso?

Estamos em um mundo em que, ajudar alguém a pegar algo do chão é visto como algo sobrenatural, um ato de extrema bondade, oh céus! Quando, na verdade, isso é apenas um resquício da nossa 'estrutura'.

Recentemente, participei de um Experimento de Conexão Humana, chamado Entre Olhares. Pessoas pegaram suas cangas, sentaram no meio de um dos locais mais movimentos do centro do RJ e começaram a se olhar - "se podes olhar vê, se podes ver, repara" (José Saramago). Nós ficamos lá, nos reparando, nos olhando nos olhos, compartilhando olhares, sorrisos, vidas e, embora para muitos isso seja mais uma modinha contemporânea, foi incrível! Era visível que todos precisamos nos conectar uns aos outros, precisamos nos ver, nos enxergar e não somente "saber que existe uma pessoa caminhando do meu lado enquanto me comunico pelo whatsapp".

Então, quando você passa a perceber as pessoas, a vida, as barbaridades, as mortes, as agressões gratuitas, você se sente humano. Você pode chorar e pode rir, você tem esse direito. Você pode (r)existir em meio ao caos. Será que isso vai mudar o mundo pra melhor? Não sei... quer dizer, eu acredito que o mundo tende a piorar, entretanto, ser humano - de verdade - pode tornar alguns desses momentos terríveis, em momentos agradáveis. Sorrir pode mudar o dia de alguém.

E, por fim, me vem a mente a pergunta que ouvi na igreja há dois domingos atrás "de quem eu serei próximo hoje?". Ser próximo não é obrigação de quem frequenta alguma igreja, de quem tem alguma religião, ser próximo e amar e fazer o bem a alguém por que esse outro alguém é semelhante à você!

O mundo nos faz distantes, nos resta, portanto, aproximarmo-nos.


Obrigada e Have Fun!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Mais uma vez


Está intrínseco à nós o desejo de escolher o mais fácil; o caminho mais curto; qualquer atalho; o que não requer um afastamento muito grande da nossa zona de conforto.

O que não se vê é que, escolhendo o mais fácil, o superficial vem atrelado e, quando você deposita tudo no superficial não permite que se desenvolva em si mesmo uma camada protetora. Não adquire imunidade para enfrentar as decepções.

Se apoiar no superficial é se esquecer de que, qualquer vento, seja uma brisa ou um tufão, pode derrubar tudo o que você construiu - ou tentou.

Em relação às decepções: você vai se decepcionar. Mais de uma vez. E, a melhor forma de aprender a lidar com as decepções é... se decepcionando.

Quando você deixa de escolher o mais fácil e se força a sair da zona de conforto, consequentemente fica mais vulnerável e aberto às decepções, porém, como já diria no filme, maravilhoso, 'O Fabuloso Destino de Amelie Poulain': "os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar seco e quebradiço..." 

Há uma semana, eu estava mergulhada em uma mistura de sentimentos, dentre eles, o medo do novo, de arriscar-me, de conhecer o que ainda está oculto. Sentei-me na escadaria do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no meio do centro da cidade, e comecei a observar as pessoas... E então, me veio à mente, essa mesma imagem, há exatos 4 anos atrás, quando eu era uma menina de 18 anos, vinda do interior, entrando na faculdade e passando por mais uma das tantas transformações da vida.

Há exatos 4 anos, eu, sentada na escadaria do Theatro Municipal, observando as pessoas, mergulhava-me nos mesmos sentimento de medo e ansiedade. Era novo. Tudo se faz novo, embora nada seja novidade. Eclesiastes 1:9 diz: "o que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada de novo debaixo do sol".

Eu me desafio a pular, gritar, me arriscar e fugir da minha zona de conforto, porque eu sei que eu consigo superar... eu consigo suportar... e eu consigo tentar. E eu posso cair, me decepcionar e não querer mais me levantar, entretanto, o que me motiva, não sou eu, mas Ele, que vive em mim.

Este não é um texto de autoajuda, é só um texto. Com ou sem significado. Sou apenas eu, esvaziando-me de mim através das palavras...


[Tudo tem um propósito, ou seja, vale a pena]


Obrigada e Have Fun!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

"Moço, me dá meus direitos"


"Moço, me dá meus direitos."

Me dá o direito de ir e vir
o direito de estar aonde eu quiser
Me dá o direito de reclamar
o direito de me cansar

Moço, me dá o direito de respirar
de me sentir viva
Me dá o direito de andar sem rumo
de me perder às vezes

Mas me dá o direito de me encontrar
o direito de andar como eu quiser
Me dá o direito de sorrir sem motivo
o direito de debulhar-me em lágrimas

Me dá o direito de te olhar
e o direito de amar
Me dá o direito de odiar
e o direito de fugir, correr pra longe

Moço, me dá o direito de ser
o direito de viver
Me dá o direito de ficar
o direito de enfrentar

Me dá o direito de crescer...
Me dá o direito... os direitos...
Mas me dá...

"Moço, me dá mais três". Disse a moça para o vendedor de chocolates no ônibus.
[sim, eu entendi 'meus direitos']



Obrigada e Have Fun!