domingo, 3 de abril de 2011

Contos do Reino #2- A Assistente de Guarda-Orfãos


A ASSISTENTE DE GUARDA-ORFÃOS

Era uma vez, quando o Encantador decretou que todos os que tinham doenças ou defeitos, que não podiam ser sarados, deveriam ser jogados para fora da cidade e abandonados para morrerem. Todos os desprezados e todos os esquisitos foram jogados para fora, junto com aqueles que não pertenciam a alguém, com a exceção dos órfãos. Órfãos eram mantidos porque serviam de proveito ao Encantador.

Num sol abrasador, uma mulher jovem tropeçava no seu caminho atravessando o lixão ao lado da Cidade Encantada. Ela estava usando óculos escuros, um chapéu exagerado para proteger a sua pele pálida, e um botão grande e redondo que anunciava: AMAMOS CRIANÇAS--Associação dos Órfãos. Ela continuamente escorregava nos montes de lixo. Mesmo com os óculos escuros, seus olhos se incomodavam com a luz. "Ich! Lá vou eu de novo. Cuidado! Luz é branca", ela resmungava para si mesma. "Puxa! Ai-ai...que lixão nojento!"

Mesmo manchada e suja por causa de seus escorregões, ela aproximou-se do Portal de Pedras, a entrada para o Grande Parque. Ela preferia estar fazendo qualquer outra coisa hoje do que estar correndo atrás de órfãos extraviados. "Tô perdendo um dia de sono. Que chato!" E agora, como que ela iria abrir este portão? Ela nunca tinha entrado neste parque horroroso antes, mas era aqui que os Queimadores disseram que os órfãos estavam.

Ela chacoalhou o portão de ferro. Notou uma casca de batata na sua roupa e parou para tirá-la. Ela tentou subir pelo portão, mas os seus pés escorregavam e o seu botão ficou preso entre os ferros. Finalmente, ela deu um passo para trás e soltou um berro. "Tem alguém aí?" Seu chapéu deu uma balançada no final do grito. Ela ajeitou a sua bolsa, que parecia mais um cesto, e deu outro grito. "Tem alguém aí?"

Silêncio.

Ela tentou uma outra idéia. "Eu sou a Assistente da Guarda-Órfãos! Em nome do Encantador, abra! Estou procurando órfãos!"

O portão rangeu ao abrir. Ela se admirou com o poder do nome que tinha usado, nunca suspeitando por um momento que os portões sempre abrem para aqueles que buscam.

Uma vez no lado de dentro, ela seguiu seu caminho com dificuldade de respirar. Ai, ai,ai...! Que matagal! Tantas árvores! Seria melhor se fossem cortadas para abastecer os fornos da Cidade Encantada...Que barulho é esse?

Na distância, ela notou uma turma no meio de um grande campo. Algumas pessoas pareciam estar dançando. Um jovem estava fazendo malabarismo com várias bolas. Aí deixou uma cair. Um senhor de mais idade estava andando sobre uma corda de acrobata. Todos estavam rindo e ela até teve a impressão de que estavam tendo um tempo gostoso um com o outro. Que lugar estranho!

A Assistente seguiu apressadamente, ignorando as flores brilhantemente coloridas balançando sobre hastes verdes, e nem notou as belas criaturas, que não se mexiam, com os ouvidos em pé para captar o mínimo ruído. Ainda bem que estava usando óculos escuros. Ela forçava os olhos por trás deles, tentando evitar toda essa luz brilhante e horrorosa profusão de forma e cor.

O que estava em sua mente era órfãos. Que chato! Órfãos e delinqüentes. Ninguém que era gente gostava deles. Ela já tinha sentido isso na pele. Ela tinha sido filha de uma rejeitada, antes de ter alcançado este lugar útil no serviço do Encantador.

"Nhê, nhê, nhê, nhê, nhê, nhê" caçoavam as crianças da Cidade Encantada, quando ela era menor. "A sua mãe é uma rejeitada, serve pra nada, vai ser jogada!"

A sua mãe tinha ficado adoentada com uma doença incurável, era o seu coração, e foi banida. E depois, quando o seu pai morreu, ela se tornou uma órfã.

A sua cabeça esticou e seus ombros chiaram só de lembrar. Ela odiava os delinqüentes! Todo mundo os evitava.

O caminho que ela pegou a levou para a cabana de Cuidador, que era toda bonitinha e bem cuidada. Um jovem alto e bonito abriu a porta, assim que ela chegou. Ele estava vestido com um manto azul marinho, com uma fivela de prata no ombro. Ela aprendeu no treinamento que era o uniforme de um Atalaia, um dos muitos que ficavam à disposição total para o homem que se chamava de Rei.

"Posso ajudá-la?" o jovem perguntou. Seus olhos cintilavam com a luz, mas seus lábios não estavam sorrindo.

Dentro dela ela quis dar uma risadinha e responder, Certamente, bonitão...mas ao invés, ela resmungou, "Ô Chatice! Me tira dessa luz. Esse sol me derrete toda. O Sr. Cuidador está? A Guarda-Órfãos me disse para falar com uma tal de Misericórdia e pegar os órfãos dela".

O Atalaia pegou suas bolsas pesadas, segurou a porta e explicou: "Misericórdia é a esposa do Cuidador. Cuidador não está hoje. Entre...Misericórdia, tem alguém aqui pra você da Associação dos Órfãos".

A Assistente tirou seus óculos escuros. Ela viu uma mulher idosa em pé, frente à lareira. Tinha mais idade que qualquer outra pessoa que ela já vira antes. A mulher idosa estava mexendo algo dentro da panela, no fogo. Usava um vestido longo e azul e por cima um avental. Um anel de cabelo branco escapava por debaixo de uma fita em volta de sua cabeça. Ela virou-se e sorriu para a visitante, que achou interessante ver as suas rugas se mexerem para cima.

"Bem-vinda, caçadora" ela disse. "Eu sou Misericórdia, a esposa do Cuidador. Somos servos do Rei". A mão que ela estendia para cumprimentá-la era lisa e limpa como de uma menina e suas costas estavam firmes e retas.

Estranho, pensou a Assistente. Misericórdia parecia jovem e velha ao mesmo tempo. A Assistente sentiu-se nervosa e confusa. Fique de olho nos estranhos e seja oficial, ela se atentou. Ecoou a ameaça da Guarda-Órfãos: "Tragam-nos de volta vivos. Se falhar, um Queimador estará em sua busca".

"Eu sou a Assistente da Guarda-Órfãos", ela anunciou, em voz bem alta, esperando que todos na sala ficassem impressionados. Ela pegou firme no seu botão oficial e puxou bem para que todos pudessem ver. Abrindo o seu cesto, tirou um documento assinado. "Tenho aqui uma autorização para prender fugitivos, assinada pela própria Guarda-Órfãos. Ela quer de volta os dois órfãos que entraram pelo Portal de Pedras. Um deles chama-se Cicatriz".

Seus olhos agora estavam se ajustando à luz amena do interior da casa, e o que viu a surpreendeu.

Duas meninas limpavam a mesa, mas só que apalpavam a superfície da mesa com as mãos e contavam com os dedos. Eram cegas.

Esqueletos de crianças entravam e saíam. Quem iria querer estes ratinhos? pensou a Assistente. No chão, três crianças estavam brincando, mas uma não se mexia: sua muleta estava ao seu lado. Que tipo de lugar é esse? Quem quer delinqüentes? Credo!

Foi aí que ela avistou dois meninos em pé no canto. Eles fugiram do seu olhar. O mais velho escondeu a sua face com uma mão e com a outra segurou bem forte o mais novo. Lá estavam!

O jovem Atalaia se mexeu: "Desculpe-me Misericórdia, mas preciso ir e vigiar. Vai precisar de algo mais?" ele perguntou olhando para a senhora. Mas a esposa de Cuidador balançou a cabeça, dizendo não. Com um jogar da sua capa, ele saiu.

Tolo! pensou a Assistente. Pensa que essa velha pode resistir contra mim? Ela ficou triste por ele ter que ir. Ela precisava de um pouco de romance em sua vida. Uma assistente se cansava de sempre fazer as mesmas coisas: fazer chamada de órfãos, contar órfãos, cumprir os turnos de órfãos, ler o manual de órfãos. E agora, por que uma caçada de órfãos? O Dagoda do Encantador realmente não era o lugar para uma criatura tão sentimental como ela era.

Ela sempre sonhava com um jovem elegante e bom dizendo: "Assistente da Guarda-Órfãos, você é o desejo do meu coração--".

O menino no canto arregalou os olhos. Ela o encarou mais ainda e disse: "Ai, ai! Tá quente não? Que calor!" Ela tirou sua blusa e se ajeitou numa cadeira para descer as suas meias grossas. Tirou do cesto um grande lenço e limpou o suor do seu rosto. Ao ajeitar o seu chapéu, um tomate podre caiu para o chão. Alguém soltou uma risadinha.

Eu te pego ainda! Você vai ver só! pensou a Assistente da Guarda-Órfãos. Mas em voz alta disse: "De quem são estas crianças? Não podem ser todas suas!"

Misericórdia soltou um sorriso de novo, as rugas se esticando. "São todas minhas. Não temos órfãos em Grande Parque. Todos aqui pertencem a alguém".

Todos aqui pertencem a alguém? A Assistente nunca tinha ouvido algo tão tolo. Se ela não conseguisse provar que as duas crianças eram órfãs, teria que agarrar os fugitivos e escapar correndo.

Quando Misericórdia se sentou do outro lado da mesa comprida, a Assistente tirou vantagem para entrar em ação. Ela correu para os meninos encolhidos no canto de tanto medo, agarrou Pequena Criança debaixo de um braço e com o outro pegou firme na mão do Cicatriz e puxou-os na direção da porta.

Mas, mesmo com toda a sua força, a Assistente não conseguia fazer com que Cicatriz saísse da porta da casa do Cuidador. Ela puxou com toda a sua força, se arrastou e esticou o pescoço até ficar sem ar. "Droga!" Finalmente, ela desistiu e olhou confusa para Misericórdia.

"Não temos órfãos em Grande Parque", repetiu Misericórdia. "Estas crianças têm o seu lugar aqui. Você não pode levá-las, sem que elas queiram ir voluntariamente".

Voluntariamente, é? Um brilho veio aos olhos de Assistente. "Você é velha, muito velha", ela disse para Misericórdia. "Velha demais para me impedir".

Era um desafio. Os dois meninos correram de volta para o canto mais distante.

A Assistente se ajeitou na cadeira do outro lado da mesa. Ela colocou os cotovelos na mesa com seu queixo em suas mãos. Misericórdia tomou a mesma pose. Os olhos das duas mulheres se fixaram.

Todos dentro da casa interromperam o que estavam fazendo. O que estava acontecendo? Quem iria sair vitoriosa? Por que o Atalaia forte tinha saído? No canto, Cicatriz e Pequena Criança abraçavam-se um ao outro.

A Assistente foi quem falou primeiro: "Pela Guarda-Órfãos. Pela morte e miséria. Pela dor e tristeza, doenças e loucuras. Pela Guarda-Órfãos. Guarda-Órfãos. Vocês não pertencem a ninguém".

Com isso, dores há muito tempo esquecidas pelas crianças foram trazidas à tona. O menino na cadeira de rodas se encurvou e choramingou. As irmãs cegas esbarraram-se uma na outra, e uma tigela caiu. Uma rosnou. Outra criança coçou-se. A criança aleijada deu as costas para seus companheiros.

Misericórdia olhou bem nos olhos da Assistente da Guarda-Órfãos. Ela retrucou a maldição. "Cuidador! Cuidador! Esposa do Cuidador! De quem são estas? São minhas. São minhas. Cuidador! Cuidador! Esposa do Cuidador!”

Misericórdia levantou seu rosto das suas mãos, mas nunca tirando seus olhos da sua adversária. Ela abriu seus braços, tanto, tanto que parecia englobar o quarto inteiro. "As coisas não são o que elas aparentam ser!" ela gritou. "As coisas não são o que elas parecem ser! ...Em Grande Parque sabemos que isso é verdade".

O menino na cadeira de rodas se endireitou. Ele não tinha mais dor. Ele ergueu bem a cabeça. As meninas cegas ajudaram uma a outra a limpar a tigela quebrada. Uma delas assobiava uma melodia. A criança de muletas se ajuntou de novo aos seus companheiros. Alguém soltou uma risada. Duas crianças magrelas saíram correndo para brincar.

A Assistente da Guarda-Órfãos estava toda suada a esta altura. Pingos de água escorriam na sua face. Droga! Que coisa! Ela seria demitida na certa e seria entregue aos Queimadores. De onde vinha esta força da Misericórdia?

A Assistente deu um murro na mesa. Uma caçada ordinária de órfãos hein?! Que é isso! Não tem nada de ordinário nisso. Que Guarda de Órfãos chata! Ela deveria vir ela mesma. Ela focalizou sua mente no menino encurvado no canto. Cicatriz, vem, vem,...ela pensou. Pelos tambores da morte, os Sacerdotes das Chamas, pelo manto de fogo.

Eu o farei vir voluntariamente. Ela se concentrou mais e mais no nome de Cicatriz. Mas o trabalho era difícil. Aí ela percebeu que o menino deu um passo em sua direção, saindo do canto. Ela viu que ele soltou a mão do seu irmão. Cicatriz, vem, vem. Era só uma questão de minutos até que o menino estivesse ao seu lado.

De repente, o órfão endureceu. Meu nome é Herói ele se pegou lembrando.

Herói? Herói de quem? Respondeu a Assistente à resistência do menino. Este não é seu nome. Nunca! Quem já ouviu uma coisa dessa. Um órfão com o nome de Herói? Rapidamente, a jovem aumentou sua concentração. Ela sentiu a sala inclinar-se em direção da porta. Ela chamou em sua mente: Cicatriz, vem, vem...

Devagarinho, o menino deu mais um passo.

Agora! Agora era a hora! Invoque os nomes! A jovem ficou de pé, suas mãos ainda agarradas na beira da mesa, suas costas envergadas, e seus olhos que nem alfinetes em direção de Misericórdia. Sua voz era aguda: "Eu sou a Assistente da Guarda-Órfãos! Em nome da Guarda-Órfãos! Em nome dos Sacerdotes das Chamas e Queimadores e Quebrantadores e Negadores! Em nome do Encantador! Eu ordeno que todos aqueles que pertencem àquele que queima venham até mim!"

As crianças choramingavam. Cicatriz começou a andar na direção da Assistente, seus olhos deslumbrados e seus passos mecânicos. Ele abaixou a mão, revelando a cicatriz crua e feia na sua face.

Gotas de suor se ressaltaram na testa enrugada de Misericórdia. O cabelo branco em baixo do seu laço estava úmido. Mas estava sorrindo. Ela pegou firme o seu lado da mesa e travou o seu olhar com a da jovem. Ela levantou-se da cadeira e ordenou:

"Eu sou a Misericórdia, esposa do Cuidador do Grande Parque. Pelo nome do Comandante do Atalaia, protetor e guardador da vigia. Pelo poder das chamas sagradas. Pelo nome do Rei, Filho do Imperador de tudo, que trará a Restauração do Reino. Eu te impeço! Eu te previno!"

A casa voltou a sua posição original. O menino voltou ao seu lugarzinho no canto.

Misericórdia levantou suas mãos acima da cabeça e segurou-as juntas. "Ao Rei!" ela gritou. "Ao Reino! À Restauração!"

A maldição da Guarda-Órfãos foi quebrada. As crianças respiraram fundo. Misericórdia sentou-se na sua cadeira. Proteção pairava sobre eles novamente.

A Assistente abaixou os olhos. Um pequeno choro veio de seus lábios. "Coitada de mim, ai de mim.... Achar Misericórdia foi o que a Guarda-Órfãos pediu. Pois achei-a ... mas Misericórdia tem-me derrotado. Serei demitida, na certa".

A Assistente da Guarda-Órfãos colocou seu rosto entre as mãos e chorou como uma criança. Ela pranteou e debulhou. Ela acabou tendo que tirar um lenço do seu cesto para limpar o rosto.

Gentilmente, uma pequena mão apareceu e tocou o seu braço e depois seu ombro, limpou as lágrimas do seu rosto e, a final, dos seus olhos. Era uma das meninas cegas. A criança, com um cheiro suave de perfume e sabonete, encostou seu rosto no dela.

Abrindo seus olhos, a jovem descobriu que estava rodeada por crianças. O menino na cadeira de rodas ofereceu um pano úmido e cheiroso para colocar na sua testa. A criança que usava muletas trouxe um copo de água, enquanto uma das crianças disse: "Não chore, Assistente, não chore!"

Mas isso fez com que ela chorasse mais ainda. Quem antes tinha falado com ela de maneira tão gentil? Seu pai morreu nos fornos embaixo da cidade e sua mãe foi banida.

Finalmente, também os dois meninos do canto da sala se achegaram. O mais velho falou com Misericórdia: "Eu posso voltar com a Assistente. Pequena Criança pode ficar com você. Ser demitida seria terrível. Ninguém deveria ser demitido por minha causa".

A Assistente da Guarda-Órfãos pranteou. Ela lembrou-se do dia de marcação. Sua mão doía só de pensar. Ela só era uma Assistente da Guarda-Órfãos porque servia à Guarda-Órfãos e ao Encantador sem questioná-los, não porque eles se importassem com ela. Ela não tinha amigos. Mas Misericórdia tinha dito: "Todos aqui pertencem a alguém".

As crianças tocaram na sua mão. Misericórdia anunciou: "Eu acho que tenho um final feliz. Por que a Assistente da Guarda-Órfãos não fica! Desta maneira, Herói não terá que voltar, e ela não terá que ser demitida".

As crianças dançaram e pularam. "Isso! Fica! Fica com a gente, Assistente! Por favor! Por favor! Queremos que você fique!"

A Assistente assoou o nariz. Ela lacrimejava e fungava. Ela olhou para a Misericórdia. Os olhos da jovem estavam cheios de admiração. "Você me quer?" ela perguntou maravilhada.

"Eu tenho uma confissão a fazer", disse Misericórdia. "Fui eu quem te chamei da Guarda-Órfãos. Eu persuadi você a atravessar o lixão até o Portal das Pedras. Eu queria você aqui. Eu acho que será ótima com as crianças".

"Fica!", disse a menina cega, implorando. "Não queremos que seja mandada embora. More conosco! Vai adorar o Rei!"

"Oba! você pode morar com a gente!" disse o menino aleijado. Ele agitou sua muleta no ar e quase caiu ao perder o equilíbrio. Mas a Assistente conseguiu esticar a mão e evitar o tombo.

"Mas por quê?" gaguejou a jovem. "Por quê?"

Misericórdia pegou uma colher para mexer o que estava no fogo. "Mais uma pessoa para amar, eu suponho. Mais uma pessoa para amar".

A Assistente da Guarda-Órfãos assoou o nariz de novo. Ela limpou seu rosto com o pano úmido. "Ó Misericórdia, você não é nada velha, né..."

Misericórdia deu uma risada. Ela se deslocou até a cadeira onde a jovem estava sentada. Deu um abraço bem grande nela e disse: "Eu te falei que as coisas não são o que elas aparentam ser".

Então, a caçadora ficou, porque achou a órfã que estava procurando - ela mesma. Descobriu que o Reino era para os delinqüentes, e cada um teria que se tornar um delinqüente para poder seguir o Rei.


Obrigada e Have Fun!

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