sábado, 2 de abril de 2011

Contos do Reino #1- Cidade Encantada


A partir de hoje, eu vou dividir com vocês uma das melhores histórias que eu já li em toda a minha vida, acredito que vocês vão gostar tanto quanto eu gostei! Divirtam-se!

CONTOS DO REINO

Jeremias 29:13

Vocês Me encontrarão sempre que Me procurarem; mas para isso, precisam Me procurar de todo o coração.

Mateus 11:12

Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele.

Efésios 2:1-5

Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Outrora todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Todavia, Deus, sendo rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.

A CIDADE ENCANTADA

Era uma vez, não muito tempo atrás e não muito distante, um menino, não mais uma criança, mas ainda não um homem, que morava na Cidade Encantada.

O menino, Cicatriz, e o seu irmão menor, Pequena Criança, não eram como as outras crianças da cidade. Ontem, a mãe deles morreu e imediatamente eles foram levados em custódia pelos homens do Encantador. O boato era que o Encantador ficava com os órfãos para poder alimentar os grandes fogos que queimavam nas profundezas de Dagoda, o templo onde o Encantador morava e reinava.

Um Queimador, policial secreto que cumpre as ordens do Encantador, trouxe os meninos para a Praça das Cinzas. Lá iriam assistir a cerimônia do funeral de sua mãe: o corpo dela descansava sobre um ataúde muito enfeitado, no meio da praça.

Pensando na mãe, o menino maior queria chorar. Ela tinha sido tão linda, tão linda quanto a filha de um rei.

“Existe um Rei”, sua mãe sempre insistia com eles. “Um Rei Verdadeiro”. Ela acreditava nas histórias antigas, mesmo que por todo canto da Cidade Encantada houvesse placas afixadas que declaravam:

"NÃO EXISTE TAL COISA COMO UM REI;

MORTE PARA AQUELES QUE FAZEM DE CONTA".

Mas a sua mãe ficou doente, assim como tantos outros, por causa do ar podre da cidade encantada. Nos últimos dias antes de morrer, nos momentos em que ela ficava livre da febre, e então consciente, ela contava para Cicatriz as antigas histórias da sua infância.

“Uma vez um grande Rei dominava nossa cidade”, ela dizia. “Todas as pessoas o achavam lindo e o serviam alegremente. Mas o Encantador veio e enganou o povo e colocou uma maldição na cidade. O Rei foi exilado. Aqueles que o procuram precisam buscá-lo no lugar onde as árvores crescem ...”

Um-pa-pa...Um-pa-pa...Um-pa-pa-dim...os tambores da morte interromperam as memórias do menino. Agora ele ouvia as sinetas cerimoniais que estavam costuradas na barra dos mantos dos Sacerdotes do Fogo. Ele ouvia o canto plangente. Logo depois, um aceno com a mão e uma explosão. As chamas do funeral foram acesas.

Ao subir as espadas tortuosas de fogo ao céu, uma longa fila de carros brilhantes veio na direção da praça. Estacionaram quietamente, em meio a sombras, ao lado da praça. O coração do menino começou a bater mais forte. O Encantador veio para o funeral.

Cicatriz se endureceu ao ver o homem alto pisar no campo de cinzas. Os olhos ficaram grandes ao ver o cabelo ruivo que se enrolava e refletia a luz do fogo. A maioria o considerava elegante. Mas a mãe de Cicatriz disse que o olhar de seus olhos era cruel. O menino pegou na mão de Pequena Criança e a segurou bem forte.

O Encantador estava usando o manto de fogo, uma obra prima de cores: tons de vermelho e amarelo mesclados com laranja, branco e azul. Queimadores, cada um segurando um atiçador abrasador na mão, desceram dos outros carros. Logo o homem alto e orgulhoso estava cercado por estes guardas.

O Encantador dominava a Cidade Encantada com fogo. Ele amava o fogo e amava o poder que ele trazia. Ele clamava ao fogo e o usava para impor maldições. Muito tempo atrás ele decretou que a noite fosse dia e que o dia fosse noite, porque tinha inveja da luz do dia.

Agora as pessoas da Cidade Encantada levantavam-se das suas camas para trabalhar, brincar e comer, na luz inferior, a da lua. Dormiam ao amanhecer. Mães, ao deitarem suas crianças diziam: “Bom dia, até à noite”.

O Encantador virou-se e olhou do outro lado da Praça de Cinzas, para os dois meninos, enquanto os tambores ressoavam com seu ritmo peculiar, dim...dim...dim.

“São estes os órfãos?” disse ele ao apontar para os meninos.

Um Queimador acenou com a cabeça.

Com passos grandes e rápidos o homem alto atravessou o campo entre eles. Queimadores marcharam em formação logo atrás dele, cada um abanando seu atiçador, fumegante de poder quente. Cicatriz cobriu um lado do seu rosto com a mão.

O Encantador encarou os meninos. Os olhos do homem esticaram-se e depois quase se fecharam. De repente, o Encantador pegou a mão de Cicatriz e a arrancou do seu rosto e, no mesmo gesto, levantou o queixo do menino. “O que é isso no seu rosto? Por que que não foi banido da cidade?”

O menino se esticou todo. Ele queria gritar de medo. Queria dar um grande chute e correr. O toque do homem era quente. Cicatriz fez de tudo para manter a sua calma. “Não...não é uma doença, senhor. E nem nasci com esse defeito. Foi um... um... acidente na hora da marcação”.

Era verdade. Tempo atrás, como era o costume quando uma criança completasse cinco anos, Queimadores pegavam todas as crianças dessa idade e marcavam as suas mãos com um atiçador ardente.

“Você está marcado com a assinatura do Encantador”, o homem gritou. “Nunca se esqueça de que você pertence ao Guardião do Grande Queimador!”

O menino tinha gritado, mordido e esperneado. No conflito, um ferro quente caiu, ou por acidente ou de propósito, na face do garoto. Ele carregaria a cicatriz pelo resto da vida.

Pessoas sempre olhavam para ele e suspiravam fundo. Desviavam os olhos. Crianças apontavam e gritavam: “Cicatriz! Ei, você aí, Cicatriz!” Logo ele aprendeu a cobrir a sua face com a mão.

Agora Cicatriz se lembrava das últimas palavras de sua mãe: “Pegue Pequena Criança e fuja...fuja antes do dia da marcação, antes que Pequena Criança faça 5 anos. Fuja antes que venha o Encantador”.

Mas agora era tarde demais. O Encantador prendia o queixo do menino como um alicate. O homem se encurvou e o menino estremeceu com as ondas de calor. “A sua mãe tolamente acreditava em reis”, sussurrou o Encantador.

Como ele sabia isso? Cicatriz pensou. Ele notou que os atiçadores dos Queimadores soltaram faíscas ao som destas palavras. Os lábios do Encantador deram um sorriso bondoso, mas nos seus olhos só tinha maldade. “E o que é que seu filho, seu filho órfão, crê?”

O menino arrancou o seu queixo das garras do homem. Ele cobriu a sua face novamente. Seus olhos fixaram-se no chão. “Jamais vi um rei, senhor. Somente um encantador”.

Os olhos cruéis ficaram menores. “Ver é crer. Veja que você sempre entenda deste jeito, órfão. Sempre pense assim.”

Com isso, o Grande Queimador deu meia volta, os guardas marcharam ao seu lado e os tambores marcaram o passo: dim...dim...dim...

E todos foram embora. Os pulmões de Cicatriz estavam gritando por falta de ar fresco. Seu coração compassava: Fugir...Fugir...Fugir... Ele preferia morrer do que ser um escravo do Encantador.

Mas era tarde demais para tais pensamentos. Cicatriz sentia uma mão pesada no seu ombro. A ponta de um atiçador de um Queimador estava espetada no seu lado, seus olhos ocos e escuros apesar da luz dançante das chamas. “Venha”, disse ele. “Para a Guarda-Órfãos".

Os três se distanciavam da Praça das Cinzas e agora desciam pequenas ruas, passando por prédios estreitos. Pequenas luzes da noite, em cima de postes, iluminavam o caminho. Faltava muito para surgir o dia. Quando chegaram à feira, Cicatriz pôde ver a confusão de barris e feirantes e ouvir a gritaria e as discussões. O Queimador tinha dado alívio tirando a garra de seus ombros, mas não importava: seu ferro duro ainda estava espetado no seu lado e Cicatriz sabia que nunca poderia correr mais rápido do que seu captor. Pequena Criança choramingou e Cicatriz pegou o menino nos braços.

De repente a energia caiu. “Acabou a força! Acabou a força!” as pessoas gritavam.

Falta de energia era comum, mas para acontecer neste exato momento parecia um milagre. A Cidade Encantada precisava de força artificial, produzida pelo homem, para viver e iluminar a noite. Tudo dependia da energia que vinha das fornalhas em baixo da cidade, que precisavam ser alimentadas. Ônibus, carros e prédios eram ligados por cabos subterrâneos. Mas o suprimento das fornalhas era sempre insuficiente. A energia produzida pelo homem estava sempre falhando.

Quando a força faltava, o trânsito parava. Casas e comércios tornavam-se escuros. Os relógios corriam fora da hora, na hora, entre a hora. Nem o brincar funcionava. Às vezes a força acabava bem na hora dos pênaltis, justo quando era mais necessária.

Mas Cicatriz sabia que esta era a sua chance para escapar. Ele se arrancou do Queimador, carregando Pequena Criança seguramente em seus braços.

“Fugitivos! Fugitivos!” gritou o Queimador.

Mas ninguém o ouviu no meio da confusão. Buzinas, carroças, vendedores... todos ampliavam o barulho. “Ei! Pega ladrão!” “Tira sua mão das minhas coisas!” gritavam os vendedores, ao perceberem a vantagem que os mendigos estavam tirando da situação para conseguirem algo para comer. Todos gritavam: “LUZES! LUZES!” E, no meio dessa confusão, Cicatriz conseguiu fazer a fuga.

Ele correu com seu irmão nos braços, correu até sentir que seu coração iria estourar.

Quando a força voltou, Cicatriz parou com sua corrida frenética. Estava perdido e sabia que os Queimadores viriam procurando por eles. O Encantador não aceitaria ser roubado naquilo que era dele.

Ainda bem que a manhã estava próxima. Todos obedeceriam o mandato DURMA À LUZ DO DIA, com exceção dos Queimadores que continuariam a caçá-los, mesmo que a luz do sol doesse em seus olhos. Se ele conseguisse ficar acordado e esconder-se até que achasse um escape... Mas qual era o caminho do escape? Será que poderia existir um Rei como sua mãe tinha dito? Seria possível achar o lugar onde esse rei morava?

Cicatriz jogou-se num buraco debaixo de umas escadas de uma casa próxima, para poder ter tempo para pensar. “Não é escuro no lugar onde as árvores crescem”, sua mãe tinha falado. Mas na cidade não havia árvores, porque todas tinham sido cortadas para queimar. Cicatriz sabia que árvores cresciam em florestas. Ele ouviu que havia uma floresta em algum lugar fora da cidade. Se ele soubesse o caminho...

O homem-relógio passou, gritando as horas. Faltavam duas horas para o amanhecer. De repente Cicatriz ouviu os tambores. Batiam alto e com raiva. M-pa-pa...M-pa-pa...M-pa-pa. O menino sabia que estavam dando sinal por causa dele. Não havia lugar seguro agora; nenhum lugar para ele esconder. Toda sombra poderia ser um Queimador.

O menino achou um pouco de dinheiro no seu bolso e ele já tinha ouvido que motoristas de táxi poderiam levar pessoas para onde precisavam ir. Mas será que seria seguro? Certamente eles também reconheceriam a mensagem dos tambores. Mas Cicatriz teria que tentar, era sua única opção. Pegou a mão do irmão, cuidadosamente olhou para cima e para baixo e logo acenou para um táxi.

“Poderia nos levar para o fim da cidade onde existe uma floresta?” perguntou ao motorista quando ele parou na sarjeta.

O motorista olhou para as crianças com um ar de astuto. “Claro, claro”, disse. “Mas ande logo. Está quase na hora de dia. Pague agora e só tem reembolso em caso de acabar a força”.

Cicatriz respirou fundo e os meninos entraram. O motorista deu início no seu taxímetro e conectou à força. Sua pressa pelas ruas não movimentadas fez os pneus cantarem. Logo eles chegaram num vasto lixão na beira da cidade. Cicatriz nunca tinha vindo até ali.

“Final da estrada”, o homem disse com certa urgência. “Podem descer”.

Cicatriz hesitou. “Aqui fica perto de onde crescem as árvores?”

O motorista virou para trás e abriu a porta para os meninos. “A linha só vai até aqui. Aqui é o lixão”. E com isso ele deu uma piscada e disse: “Se procurar bem, irá achar onde as árvores crescem”.

Os meninos desceram e, quando o táxi acelerou, Cicatriz pensou que ouviu o homem gritar: “Ao Rei!”

Ao Rei!” A frase deixou a mente de Cicatriz perplexa. Mas ele estava com pouco tempo para avaliar a despedida estranha do motorista, pois o batido familiar dos tambores—M-pa-pa...M-pa-pa—interrompeu seus pensamentos e o forçou a olhar ao seu redor para tentar achar um esconderijo. Ou melhor ainda, o começo de uma floresta.

Pequena Criança começou a tossir e reclamar. “Shh!” disse Cicatriz.

Os dois meninos sentaram-se na estrada cinzenta. Uma linha cinza de luz rachou o céu acima do mundo. Pequena Criança caiu no sono, mas Cicatriz aguardava a chegada da manhã. Escutava os tambores distantes.

Alguma coisa está errada aqui! Cicatriz pensou. De repente, ele percebeu que as sombras estavam se mexendo! Cicatriz estava quase certo de que tinha visto um vulto cinza se mexer em sua direção. Primeiro um aqui! Depois outro lá!

O cinza no céu se espalhava. Podia agora enxergar pela luz. Pelos montes de lixo, homens estavam se aproximando deles. Queimadores! pensou Cicatriz. Sem um piu eles se aproximaram mais: primeiro um, depois outro...

O menino encurvou-se e abraçou mais perto o seu irmão que ainda dormia; seus joelhos fracos de medo. A ameaça avançava por três lados. Ele conseguia vê-los melhor agora que o céu clareou.

Os tambores estavam enviando sua mensagem de longe, do meio da cidade, mas estavam acelerando cada vez mais.

Rapidamente Cicatriz ficou ereto e encarou as sombras. Ele não tinha vindo a esta distância para desistir agora. Ele equilibrou Pequena Criança em um braço e tirou seu canivete do bolso e o levantou em desafio: “Não!” gritou. “Não serei seu! Se há um rei, eu vou achá-lo! Se existe uma saída, eu vou achá-la de qualquer jeito! Vou buscar e lutarei até o fim!”

Naquele momento o dia raiou atrás do menino. O céu refletiu um rosa pálido. Os Queimadores pararam. Seus olhos não suportavam a luz brilhante.

Cicatriz ouviu um zunido estranho vindo do outro lado de um portão velho na beira da montanha de lixo, que ele não tinha notado antes. Os Queimadores pararam e protegeram seus olhos do sol cada vez mais brilhante.

Neste momento de vantagem, Cicatriz deu uma meia volta e saiu no pique. Correu com Pequena Criança nos braços, na direção do portão velho e fechado, deixando os servos do Encantador surpresos.

Ervas daninhas cresciam na entrada do portão. A fechadura estava enferrujada. Respirando forte, o menino parou e chacoalhou o portão. Neste instante o sol raiou em cima deles, e o portão começou a se abrir vagarosamente. Esperando com impaciência para entrar, o menino olhou para cima e viu um arco por cima do portão. As seguintes palavras estavam escritas no velho portão: SEJAM BEM-VINDOS TODOS OS QUE BUSCAM.

Cicatriz se espremeu com seu irmão no espaço cada vez maior da entrada. Estava sem fôlego. Pequena Criança estava pesado. Como ele iria fechar o portão? Onde ele iria se esconder agora?

“Você chamou?” perguntou uma voz atrás dele.

O menino virou-se rapidamente para ver o homem mais engraçado que ele já tinha visto. A criatura era alta e usava uma pequena árvore na sua cabeça como um chapéu. Sua roupa era de uma cor meio verde, marrom e cinza. Um molho de chaves estava pendurado em um ramo que também dava uma volta na sua cintura. Ele tinha cabelo longo e branco e uma barba também longa e branca, e os dois ele encaixava no seu cinto. Seu casaco tinha bolsos e seu colete tinha bolsos e sua calça também tinha bolsos—todos cheios de ferramentas tais como alicates para podar, tesouras e trolhas.

O homem estava segurando um machado com algumas marcas estranhas encravadas nele. Com precisão ele ergueu o machado com as duas mãos sobre a cabeça, e foi então que Cicatriz percebeu que o zunido musical vinha do machado. O portão se fechou com um estrondo. Os tambores pararam de tocar.

Tudo estava quieto.

Cicatriz só pôde ouvir um som: Piu...Piu... O que era isso? Um pássaro cantando? O som o fez lembrar-se da descrição de sua mãe. Mas ele nunca tinha ouvido antes a sua melodia, porque não havia nenhuma coisa livre na cidade encantada. Ele olhou para o seu irmão nos seus braços. Pequena Criança estava tão quieto que parecia estar em coma profunda.

“Bem-vindo Caçador”, o homem estranho disse e soltou uma gargalhada. Ele pendurou o machado no seu cinto. Todo movimento que ele fazia ressoava em tons metálicos – eram as ferramentas batendo uma contra a outra.

“É você que é o rei?” Cicatriz pensou em voz alta.

“Não”, disse o homem rindo. Ele se aproximou e pegou a criança pesada dos braços de Cicatriz. “Sou um dos homens do Rei. Meu nome é Cuidador. E o seu é Herói. Bem-vindo ao Grande Parque”.

“Esse não é meu nome”, protestou o menino. Sua mão agora vazia levantou por hábito para cobrir a cicatriz.

O homem deu risada de novo. “É mais o seu nome do que imagina”, disse, e virou-se para descer a trilha. Cicatriz observou-o. O menino estava atônito com essa criatura engraçada e notou que, de vez em quando, Cuidador dava um pulinho. Um homem do rei, ele pensou. Sua admiração aumentava.

Cuidador parou e olhou para ele. “Vamos”, ele chamou. “Vamos para a casa de Misericórdia”.

Cicatriz observou o homem dançando pela trilha. Notou que o dia tinha raiado. O menino pôde ver as árvores e os arbustos e a grama gloriosa – tudo aquilo que cresce. Ele respirou fundo e encheu os pulmões com ar fresco.

Herói? Ele iria esperar e ver se realmente este nome seria o dele. Um homem do rei?...mas onde então estaria o Rei?... Ele ficaria de olho aberto. Ao final das contas, ver é crer. Não foi isso que disse o Encantador?

De uma coisa ele sabia. A sua mãe estava certa: Não era escuro neste lugar onde as árvores crescem. Aliás, quase não havia nenhuma escuridão.

O menino correu para alcançar Cuidador, sentindo no seu coração como se tivesse descoberto algo que ele tinha procurado por toda sua vida.

Então, o menino escapou da perigosa Cidade Encantada porque era um caçador de coração e caçadores sempre acham mais do que sabem.


Obrigada e Have Fun!

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